domingo, 12 de agosto de 2012

Vem, senta aqui.


- Vem, senta aqui.

(Deixa eu te contar como o céu fica azul, em cima desse telhado, quando você tá aqui. Te falar de sonetos, de amor. Te falar, (bai-xi-nho), de como o mundo parece girar sempre no sentido exato quando insiste em te colocar na minha frente em uma hora qualquer, assim, no meio da noite, da madrugada. Vou te contar, também, minha tese sobre o destino, sobre nós dois. Os astros, o acaso, os deuses. Ou, se você quiser, não falo nada disso. Mas te conto, te mostro e te explico como você sempre aparece na hora exata, aqui. Bem aqui. Vem mais pra perto. Deixa eu sentir teu cheiro. Eu sei, não importa. Não importa quantas vezes você mudou de perfume, ou com quantos cheiros o teu cheiro se parece - eu reconheço. Não importa o quanto a gente se perca, a gente finja, o quanto a gente fuja: a gente se encontra. Se conhece. Deixa eu, mais uma vez, tentar te explicar o que eu não consigo entender. Me dá uma folha, vem cá, vê aqui esse cronograma, esse organograma, essa árvore genética. Me explica. Me explica, por favor. Me diz o que é isso que faz com que eu continue sentindo esse carinho absurdo por você. O que é isso que faz com que eu queira te pegar, te colocar no colo e apagar todas as tuas dores. O que é? Me fala. O que é, que de tão confuso, é tão exato? Me explica, me conta, me beija. Me beija. Me abraça. Isso, não fala nada. Mas mexe no meu cabelo, desenha com teus dedos em minhas pernas, fala da tua barba, chama minha atenção. Descobre o meu corpo, fala dos meus sinais, apalpa minhas cicatrizes. Eu não sei quem, de nós dois, tem mais. E não vou te pedir desculpas. Desculpa, não vou. Foi o acaso, foi o destino, já disse, qualquer coisa assim. Mas, por favor, reencontra aquele soneto. Repete, mais uma vez, fala alto, grita, deixa o coração falar mais alto. Amanhã a gente esquece. Me fala de Chico, de Oswaldo. Vai, canta uma canção bonita falando da vida em ré maior. Canta! Vem cá! Aceita. Por favor, aceita. Toma, pega aqui essa caixinha. Eu nunca vou deixar de te querer bem. Te-quero-bem-te-quero-muito-bem. Você é o amigo de infância, é a história mal contada, a história mal vivida. Olha, vou escrever um livro. Sobre nós dois).


- Fica mais um pouco.












11.06.15

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