quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Você tem que saber

Pra começo de conversa, você tem que saber que eu odeio café. Detesto, detesto mesmo. E que qualquer gotinha de suco de maracujá é suficiente pra me deixar morrendo de sono. E que quando eu tou com sono, eu falo coisas bem piores que quando eu tou bêbada. Coisas horríveis, horríveis mesmo. Sinceridade que dói.

Você tem que saber que quando eu tou triste, eu desligo o celular e não falo com ninguém, até a tristeza passar. E que eu sou dona de um otimismo muito incorrigível, e por mais que o mundo insista em desabar eu sempre tou acreditando que tudo vai dar certo. Porque, você sabe, não sabe? No final, dá mesmo, eu juro que dá.

Tem que saber que eu detesto quem me toca, mas detesto muito mais quem não me toca. E que, no primeiro beijo, eu sempre vou fugir - inconscientemente, eu vou. E que quando eu tou muito nervosa eu falodesesperadamentesempararnemporumsegundo. Mas que o fato de eu estar mexendo sempre nos dedos não quer dizer que eu esteja nervosa. É mania.

Você tem que saber que eu tenho mania de somar, multiplicar e diminuir os números, até que eles dêem um número par. E que quando eu quero alguma coisa, quando eu sei mesmo que eu quero, eu vou até o fim. Faço de tudo e mais um pouco. E não adianta me dizer que não vai dar certo. Se eu acreditar, vai dar sim. Cabeça dura. E eu odeio os números ímpares. É que eles são... feios. Incompletos, eu diria. Fica faltando alguma coisa.

E que eu odeio palavras como sobretudo, escalonar e... existe uma terrível: catarro. Elas também são feias, que nem os números ímpares. Horríveis. Maldade também é uma palavra bem feia. Muito feia. De assustar. Você precisa mesmo saber que, apesar dessa história das palavras e tudo mais, eu não gosto muito de Luis Fernando Veríssimo. E que eu, na verdade, não consigo decorar nomes de autores. Nem de cantores. Muito menos de políticos.

Você não pode reclamar da minha memória, na verdade. Eu muito provavelmente vou esquecer certas datas e também posso até esquecer o nome de alguns dos seus familiares... mas só se eles não tiverem um significado afetivo muito grande, sabe? Você também não deve reclamar se eu não disser que tou com saudade ou o quanto os dias são mais lindos depois que você chegou. Eu não falo, eu escrevo.

E você tem que entender que eu não me entrego assim, tão fácil. E que Vinícius (de Moraes) tava muito mais que certo quando disse que é preciso paixão. É completamente necessário. Irrevogavelmente, eu também digo: é preciso muita paixão. Em tudo. É preciso paixão até nas coisas mais bestas, sabe?! Se não, não dá certo. Pra mim, é assim que as coisas dão certo: com paixão.

E que eu acredito muito em Deus e acredito muito em milagres e em anjos e em todas essas coisas boas. Eu acredito no amor, sabe? Acredito mesmo, de verdade. E sou capaz de argumentar, por horas e horas, até você também concordar: o amor existe, sim, cara. Existe e tá aí, no meio da rua, esperando por a gente.

Você tem que aceitar que eu aceito discutir dias e mais dias sobre essas coisas todas do amor, sobre religião, música, poesia e tudo mais, mas que se eu não conhecer bem alguém eu não vou me importar muito em ficar puxando muita conversa, sabe? E, na verdade, se eu conhecer muito, muito bem alguém, também. Tem hora que o silêncio basta. Que nem prece.

Por mais insano que pareça, você vai ter que aceitar que eu costumo ler horóscopo de jornal, essas coisas todas, mas que não é que eu acredite. É que eu gosto de ver alguma coisa tentando me descrever. Porque eu, mesma, não consigo, sabe?

Não consigo.

"Sou autoexplicativa só pra confundir"
(Marla de Queiroz)

2 comentários:

  1. "E sou capaz de argumentar, por horas e horas, até você também concordar: o amor existe, sim, cara. Existe e tá aí, no meio da rua, esperando por a gente".

    Eu acredito demais nisso também!
    E é tão bom a gente encontrar num fim de tarde um texto cheio de amor.. =**

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  2. Por cinco minutos achei que você tava me descrevendo nesse texto! Muito bom, Fifa =*

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