terça-feira, 12 de novembro de 2013

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Ele surgiu como quem surge de repente, construindo incertezas. Brincando com cílios, soprando felicidades, me fazendo caber, pequenina, nos seus braços. Surgiu como quem surge por acaso - e aos poucos. Entrou na minha vida sem pedir muita licença, sem dizer o seu motivo, pisou devagarzinho no meu coração.

Surgiu falando de coisas que eu nunca iria entender, tampouco concordar. Mas também surgiu com versos, com rimas e com muito, com muito samba. Surgiu me colocando em pólvora, falando coisas que eu nunca ousara escutar. Mas ele falou, bai-xi-nho, como quem pisa no chão de meias velhas, fazendo silêncio pra ninguém acordar.

Ele surgiu colocando à prova toda minha ventania. Surgiu me aceitando, se desculpando, se encaixando, aos poucos, dentro de mim. De repente - e muito de repente -  passou a ocupar um dos lugares mais lindos do meu coração. Surgiu falando coisas belas, costurando estrelas ao amanhecer.

Ele surgiu com sorrisos e gargalhadas, a qualquer hora do dia. Com sorrisos escondidos, olhares indiscretos, surgiu se desfazendo, se desmitificando, me emudecendo. Surgiu como pássaro que pousa no ninho. E trouxe, para mim, as melhores fantasias desse mundo-louco. Ele veio para confundir.

Ele me trouxe os sons, os sóis, cores e arco-íris. Trouxe também um pouquinho de melancolia, pras tardes findas de domingo. Trouxe, no bolso, mil histórias pra conta ao anoitecer. E, na outra mão, um toque suave, dengoso, que, aos poucos, me descobre, me ilumina, me faz raiar.

Ele surgiu

Trouxe

E transformou

Dias em madrugadas

Noites em amanhecer

E continua pulsando

Aqui,

Dentro de mim.


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