sexta-feira, 15 de agosto de 2014

que

Eu quero que você me tire do sério. E do tédio. Que, no fim, me seja o edredon em dia de temporal. Que me enlouqueça - mas não me faça perder a razão. Que me componha. Que não me faça promessas, que não me faça propostas, que não me faça esperar. Que seja sincero. Que me escreva em letras tortas a verdade mais crua. Que me perturbe.  Que não me venha com coordenadas. Viaje comigo. Me tire de casa. Me tire do óbvio. Me continue. Despeje seus sorrisos - em mim. E no mundo. E demore o seu olhar. Que dure o tempo indeterminado. Que me dê cochilos. E cochichos. Que me embriague. E me deixe lhe embriagar. Que me enebrie. E que amarre todas as minhas dúvidas. Em meus cabelos, nos seus, tanto faz. Que me emaranhe. Que nos torne um emaranhado. De coisas boas. Findas. Lindas. Que deixe a água escorrer. Que deixe o sol queimar. Em plena terça-feira. Que me guarde - em seus sonhos - mas que não deixe eu me perder. Que me pinte em cores vibrantes - e sutis. Que chegue em silêncio. Que fique em silêncio. E que aprecie um monte de ais, em tons azuis, invisíveis, ditos pelo arfar da nossa respiração. Que me costure delicadezas, mas que não seja assim, tão delicado. Que me traga a paz. Que aprecie o vento a balançar nossos cílios. E que a gente possa aprender a apreciar os temporais - lá fora. Enquanto, aqui dentro, a gente continua. A gente se continua. Mas que não seja eterno. Que me tire o roteiro. E as vontades. Que não seja nada daquilo do que eu quero. E, ainda assim, que eu te ame. Sem ponto final

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