Dei uma última conferida nos últimos detalhes. Demorei um pouco, ainda, para escolher qual o batom que eu iria usar. Pensei em um vermelho, forte, para deixar registrado em todas as fotos o tamanho do meu sorriso ao teu lado, mas lembrei que você não é dado a cores chamativas. Fiquei com o nude. Simples. E bonito. Como a gente.
As batidas na porta anunciavam que a hora havia chegado. Faltava pouco menos de dez minutos. Nosso combinado era que não nos atrasássemos. Não nos deixaríamos adiar mais ainda a nossa felicidade. Até ali, 12 anos já haviam se passado. De encontros e reencontros. Nossos mundos em paralelo, fazendo curvas arrastadas, até que finalmente nos encontrássemos - de uma vez e para sempre.
Escutei as batidas, atenta. Sabia que era a hora, mas não podia deixar de fazer uma última coisa. Pedi para que esperassem. Do outro lado, estavam minha mãe, minha irmã, e duas ou três amigas. Aceitaram de prontidão, dizendo que tudo bem, era normal a noiva se atrasar. Mas eu juro, não era essa minha intenção. Eu não iria gastar nem um minuto a mais que o planejado. Só precisava fazer uma última coisa: uma oração.
Pedi a Deus e a todos os astros do universo que iluminassem nossos caminhos. Que nos deixasse fazer a vida - e cada dia - mais leve. Pedi que me desse a serenidade necessária para acalentar os teus dias com sorrisos. Com os meus melhores sorrisos. Que entre nós nunca faltasse uma única coisa: a cumplicidade de velhos amigos apaixonados. Que nos desse, também, a sabedoria necessária para que educássemos os filhos que, um dia, a vida nos daria de presente. Que não nos faltasse amor. Nunca. Em um único dia. E que não nos faltassem abraços. Nos bons e maus momentos.
Agradeci ainda por Ele ter colocado em minha vida não os homens dos meus sonhos, mas aquele que me tornou a realidade mais pura: você. E, antes que me alongasse mais que o necessário, ouvi novamente as batidas na porta. Faltavam apenas cinco minutos. Chegara a hora. E eu não iria me atrasar.
Desci as escadas e, descendo, não consegui enxergar batentes. Não via outra coisa senão a estrada que havíamos trilhado até ali. Me perguntava, desesperadamente, o que estava fazendo. Eu Casando. Com você.
Ao chegar à entrada da igreja, porém, e, olhando pro final do corredor, ver você: não tive outra certeza: era exatamente aquilo que eu queria para o resto da vida. Borboletas no estômago. Você.
(...)
A vida prega peças. (...) A vida é quem dita as regras.]
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