quarta-feira, 31 de agosto de 2011

a-gosto de Deus.

De Deus e do diabo. E se você vier dizer que o diabo não existe, Lui, eu vou te dar a lua. A lua e as estrelas, todas elas lindas, sorrindo, em ver você. Porque no final... no final, o que importa é que você ainda tá aqui. Pra me fazer companhia nessas noites de insônia, em que eu escrevo, escrevo, escrevo escrevo escrevo escrevo, aperto o esc, mas nunca vejo o fim da linha. Nem da linha nem de nada, Lui. De quase nada.

Agosto veio cheio de surpresas. Umas boas, outras ruins. Eu te disse, né?! Eu te disse que iria ser assim. Tinha data marcada, a-gosto de Deus. Te avisei. Te disse que eu iria me preparar, que enfeitei a casa e o coração. Rearrumei tudo, arrumei espaço, fiz questão de jogar que não prestava mais fora. E era tanta coisa, Lui. Tanta coisa ocupando espaço, tanto sentimento, tanto ressentimento...

Não que tenha passado. Não passou, sabe?! Na verdade, na verdade, talvez tenha até aumentado. Ou talvez tenha diminuído. Nem existe mais, sabe, Lui? Perdeu espaço. É difícil isso de dar nome a sentimento, né? Eu não consigo. Talvez tenha aumentado, talvez tenha diminuido, sei não. Sei não, sei não. Fiz questão de colocar os pontos nos Is, fiz questão de ouvir tim-tim por tim-tim, que era pra ter certeza de tudo. É que tem gente em quem a gente aposta tanto, né? E eu não consigo ser diferente, Lui. Isso de não confiar, não acreditar, não esperar, não idealizar. Não consigo. Ele reclamou, disse e desdisse que eu tinha confiado demais, tinha esperado demais, que ele errou, que todo mundo erra, fazer o quê? Fazer o quê, Lui? Não errar! Ora, ora, fazer o quê.

No fim, fiquei com aquela sensação de "como um dia eu me apaixonei por ele"? Sabe? É uma sensação estranha, bem, bem diferente. Já te disse que sempre acho que amor tem que ter motivo? Eu sei, Lui. Eu sei que eu sou toda sentimental, etc, etc. Eu sei, sim. Sou, sim. Mas acho que tem que ter motivo, sabe? Eu nunca me apaixonei por ninguém que fosse intrinsecamente egoísta, já percebeu? Não assim, de dar na cara. E eles sempre tiveram um quê de altruístas. Tá vendo, Lui? Faz isso também com tuas paixões. Vê bem, veja bem. Veja bem, meu bem. Todas elas tem algo em comum. Mesmo um sendo playboy e o outro sendo menino do morro. Todos eles me faziam sorrir. Bom humor é essencial, Lui. Lentes cor-de-rosa também.

Aí, acho que quando somem os motivos, some também o amor. E vice-versa. É ruim constatar que aquilo tudo que você pensava que uma pessoa é, na verdade, não é. É amargo, Lui. É bem amargo... Mas sei lá. No fim, agosto acabou. Acabei também com essas minhas teorias loucas, essas porra-louquices que você nem fazia questão de entender.

(mas eu repito, Lui, amor tem que ter motivo)

Mas agosto também foi doce. Em doses homeopáticas, doce. Doce o suficiente pra tirar o amargo dos dias cinzas, sabe?! Agosto foi doce como pirulito novo que a gente come escondido. A gente vai tirando o plástico devagarzinho, pra poder saborear aquele momento e prestar atenção em cada detalhe, mas também bem rápido, que é pra que ninguém pegue a gente no flagra. Acho que não tem jeito, Lui. Eu sou mesmo uma dessas otimistas incorrigíveis. Nunca deixo de procurar o azul mais bonito dentre os 224 lápis de pintar, nem de tentar achar o doce mais doce. Promiscuidade eu acho, né? Que seja, Lui. Que seja.

Eu tenho tentado pintar paisagens lindas, devagarzinho. Tem a trilha sonora, tem o cheiro, tem que tá tudo perfeito. Não quero nada menor que a perfeição. Nem um pouquinho menor. Não trabalho com 90. Aliás, não trabalho com números, só com palavras. Com rimas, estrofes e um ritmo que tem que ser bem batucado. Bem batucado que é pra gente não esquecer nunca de respirar. Respirarsuspirartranspirar. Aquilo mesmo, Lui. Digo e repito: suspirar.

Ainda não comecei a suspirar, é verdade. Melhor assim, sabe? Melhor ir com calma. E acho que já basta a agonia do dia a dia. Esse mês de agosto foi uma loucura, Lui! Você nem imagina o quanto. Por mim, ficava só aqui, com uma xícara - de café, não, que eu odeio café - de chocolate quente ao lado, escrevendo pra você. De preferência em algum avião, a centenas de quilômetros do chão. Viajando, Lui. Aí, pra pertinho de você, quem sabe?

Tenho tentado colocar as coisas no lugar, e você sabe, é difícil. Principalmente pra mim, que sempre fui acostumada a essa coisa de deixa-acontecer-e-depois-a-gente-vê-no-que-é-que-dá. Tenho tentado fazer tudo da maneira correta, Lui.

E tava sentindo muito a sua falta. Não falar das coisas não é motivo para elas não existirem, não é mesmo?
Voltarei a te escrever.

Com saudade, com carinho.
Um beijo e um cisco de amor que eu envio com o vento,
R.


ps.: Que Setembro seja - enfim - doce. Para todos nós.




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