sexta-feira, 4 de novembro de 2011

crescendo, foi ganhando espaço [final]

Eu já era louca por você, sim, Guinho. Desde a primeira vez em que eu te vi, todo pequenino, no berçário do hospital. Até ali eu não entendia como as pessoas reconheciam os bebês, sabe? Como os pais sabiam, desde o primeiro dia de vida, que os seus filhos eram seus filhos. Mas aí eu descobri que tem uma coisa a mais. Tem algo a mais do que a forma física. E ali eu soube que eu saberia, se te colocassem entre mil bebês, que meu sobrinho era meu sobrinho. Era você.

Lembro da primeira vez em que te coloquei no braço. Tinha medo, sim, viu? Tinha muito medo. Olha, que eu me lembre... fazia, pelo menos, uns 10 anos que eu não colocava um bebezinho em meus braços! E claro que, com 10 anos de idade, não tinha sido um recém nascido que eu tinha pego, né? Foi Fael. Acho que ele tinha uns 5, 6 meses, algo assim. Já tava bem durinho, sabe? Mas tá, isso não vem ao caso. O fato é que eu morri de medo de pegar você, mas ao mesmo tempo eu sabia que nada de mal iria te acontecer. Eu não deixaria, de jeito nenhum. E você todo mole, ainda... e eu tendo que segurar seu pescoço, e você aos poucos, de metido, já querendo se levantar...

[Ah, Guinho... Eu sei que você ainda é um bebê... Mas dá saudade já de quando você era menorzinho, sabia? É que você é muito lindo. Muito, muito lindo. E Titia viveria tudo de novo, com você. Te pegaria no colo pela primeira vez, te daria papinha pela primeira vez, te colocaria pra andar pela primeira vez, te colocaria a chupeta, iria te ninar...]

Você sempre foi assim, meio metido, sabe? Sabe como vovó te chamava? Dizia que você era voluntarioso. Assim, só fazia o que queria. E é, né?! Você é todo, todo, Guinho! Todo cheio dos gostos! Todo cheio de amor...

Aos poucos, você foi crescendo. Teu pescoço já não tava mais molinho, você não precisava mais que ninguém ficasse ali, te vigiando o tempo inteiro. Aliás... te vigiando, não, né? Hoje é que a gente te vigia mesmo, que você não pára quieto um minuto... Mas vigiando teu pescoço. Aos poucos você foi aprendendo o que é Galinha Pintadinha, e foi abrindo um sorriso toda vez que a gente ligava o som; aos poucos você foi começando a dar gargalhadas quando eu chegava e perguntava quem era o bebê mais lindo de Titia.... Aos poucos, você foi crescendo, crescendo... E o amor da gente também.

Lembro, ainda, das primeiras vezes que você ficou doente. Todo mundo enlouqueceu, Guinho! Enlouqueceu mesmo, viu? Tá vendo o que você fez? Tá vendo? Quando crescer, vai ter que cuidar bem direitinho de todo mundo. Teve uma vez em que eu tava na praia, sabe? E sua vovó me ligou, desesperava. "Filha, venha logo pra casa que Guinho tá passando mal". E eu fui. Com o coração na mão, e o carro na outra. Tinham me dito sim, Guinho, que bebê de vez em quando passa mal e na maioria das vezes não é nada demais. Nunca foi nada demais com você, sabe? Só refluxo, gripe, essas coisas. Mas é que... sei lá, sabe? Você, tão pequenininho. Dava medo. Tinha medo. Um dia, talvez, você entenda.

Ou talvez não. Talvez isso tudo seja loucura, mas... É amor, sabe, Guinho? E amor a gente explica? Explica não. E se eu for te ensinar alguma coisa, durante a vida, vai ser isso. Vou repetir todo dia, dia e noite, que é pra você não esquecer:

Amor é a coisa mais importante do mundo, e é com ele que a gente desenha tudo que é mais bonito. E é amor o som da tua gargalhada, ou o besourinho que tu faz com tua boca; é amor quando você esfrega as mãozinhas no rosto, mostrando que tá morrendo de sono, e é amor, também, quando você bate as mãozinhas no ar, doido pra passar a vida inteira brincando.

Contigo, eu brinco. E te pergunto, mil vezes se quiser, "onde tá o bebê". Depois tiro o paninho do teu rosto, e aí lembro do quanto Deus foi generoso.

Amor não se explica, acontece.


Titia também, é louca por ti.


*"Foi Deus gentil comigo mandando você pra mim"



2 comentários:

  1. Ahh, parte final não vale tá!
    Texto lindo, cheio de amor! =D

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  2. Também adoro crianças... Enquanto houver no mundo o sorriso doce de uma criança, estaremos salvos do fim.

    Tô seguindo! Se puder passa no meu e segue, vai ser muito bem-vinda!
    http://leilakruger.blogspot.com

    Em breve, dia 25/11, estarei lançando meu primeiro romance, uma história de superação, amor, poesia, música, com "trilha sonora" e "trilha literária" que toca nos grandes temas da vida. Uma história sobre como a vida pode nos surpreender e sobre como podemos abraçá-la, mesmo com braços cansados do lado de dentro. O hot site do livro estará no ar logo, e vou divulgar no blog.

    Bjo!

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